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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Nova Evangelização e a Sagrada Liturgia, por Dom Athanasius Schneider.






Dom Athanasius em mais um excelente colóquio para a promoção da "reforma da reforma" na hermenêutica da continuidade iniciada pelo santo Padre


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Dom Athanasius Schneider celebra missa de abertura do Congresso Summorum Pontificum em Roma.

Dom Athanasius Schneider celebra missa de abertura do Congresso Summorum Pontificum em Roma.

Para falarmos corretamente da nova evangelização, é indispensável fixarmos, primeiramente, o nosso olhar sobre Aquele que é o verdadeiro evangelizador, isto é, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Verbo de Deus feito Homem. O Filho de Deus veio a esta terra para expiar e redimir  o  maior pecado, o pecado por excelência. E o pecado por excelência da humanidade consiste na recusa de adorar a Deus, na recusa de Lhe reservar o primeiro lugar, o lugar de honra. Este pecado dos homens consiste no fato de não se dar atenção a Deus, no fato de que não se tem mais o sentido das coisas, ou dos detalhes que emergem de Deus e da adoração que Lhe é devida, no fato de não se querer ver a Deus, no fato de não se querer ajoelhar diante de Deus.

Em face de uma tal atitude, a encarnação de Deus é embaraçosa; embaraçosa, igual e consequentemente, a presença real de Deus no mistério eucarístico; embaraçosa a centralidade da presença eucarística de Deus nas igrejas. O homem pecador quer, com efeito, pôr-se no centro, tanto dentro da igreja como durante a celebração eucarística, ele quer ser visto, quer ser reparado.
Esta é a razão pela qual se prefere colocar de lado Jesus Eucaristia, Deus encarnado, presente no tabernáculo sob a forma eucarística. Mesmo a representação do Crucificado sobre a Cruz no meio do altar, durante a celebração voltada para o povo, é embaraçosa, porque o rosto do padre se encontraria ofuscado. Dessa forma, a imagem do Crucificado ao centro, assim como Jesus Eucaristia no tabernáculo igualmente no centro do altar, são embaraçosos. Consequentemente, a Cruz e o Tabernáculo são deslocados para o canto. Durante a celebração, os assistentes devem poder observar permanentemente o rosto do padre, e este adquire prazer em se colocar, literamente, no centro da casa de Deus. E se por azar Jesus Eucaristia, apesar de tudo, for deixado em seu tabernáculo no centro do altar, porque o ministério dos monumentos históricos, mesmo sob um regime ateu, proibiu que se O deslocasse por razões de conservação do patrimônio artístico, o padre, frequentemente ao longo de toda a celebração litúrgica, Lhe dá, sem escrúpulos, as costas.

Quantas vezes corajosos fiéis adoradores de Cristo, na sua simplicidade e humildade, terão bradado: “Bendito sejais, Monumentos históricos! Vós ao menos nos deixastes Jesus no centro de nossa igreja”.

Apenas a partir da adoração e da glorificação de Deus é que a Igreja pode anunciar de maneira adequada a palavra da verdade, ou seja, evangelizar. Antes que o mundo ouvisse Jesus, o Verbo eterno feito carne, a pregar e anunciar o reino, Ele se ocultou e adorou durante trinta anos. Esta permanece para sempre a lei para a vida e a ação da Igreja, bem como para todos os evangelizadores. “É na maneira de se tratar a liturgia que se decide a sorte da Fé e a Igreja”, disse o Cardeal Ratzinger, o nosso atual Santo Padre, o Papa Bento XVI. O Concílio Vaticano II quis recordar à Igreja qual realidade e qual ação deveriam ter o primeiro lugar em sua vida.  É por isso que o primeiro documento conciliar foi consagrado à liturgia. A este respeito, o Concílio nos dá os seguintes princípios: na Igreja, e conseqüentemente na liturgia, o humano deve se orientar ao divino e lhe ser subordinado, do mesmo modo o visível em relação ao invisível, a ação em relação à contemplação e o presente em relação à cidade futura, à qual aspiramos (cf. Sacrosanctum Concilium, 2). A nossa liturgia terrestre participa, de acordo com o ensinamento  do Vaticano II, de um antegozo da liturgia celestial da cidade santa de Jerusalém (cf. idem, 2).

Conseqüentemente, tudo na liturgia da Santa Missa deve servir ao que exprime de maneira mais nítida a realidade do sacrifício de Cristo, isto é, as orações de adoração, de agradecimento, de expiação, de petição, que o eterno Sumo Sacerdote apresentou a Seu Pai.

O rito e todos os detalhes do Santo Sacrifício da Missa devem se centrar sobre a glorificação e a adoração a Deus, insistindo na centralidade da presença de Cristo, seja no sinal e na representação do Crucificado, seja na Sua presença Eucarística no tabernáculo, e, sobretudo, no momento da Consagração e da Santa Comunhão. Tanto mais isso é respeitado, menos o homem se mantém no centro da celebração, menos a celebração se assemelha a um círculo fechado, mas está aberta, até de uma maneira externa, a Cristo, como em uma procissão que se dirige a Ele com o padre à sua frente; mais uma tal celebração litúrgica refletirá de maneira verdadeira o sacrifício de adoração de Cristo na Cruz; mais ricos serão os frutos que os participantes receberão em sua alma proveniente da glorificação de Deus; mais Deus os exaltará.

Mais o padre e os fiéis procurarão, em verdade, durante as celebrações eucarísticas, a glória  de Deus e não a glória dos homens, e não procurarão receber a glória uns dos outros, mais Deus os honrará deixando que suas almas participem de maneira mais intensa e mais fértil da Glória e da Honra da Sua vida divina.

Atualmente, e em diversos lugares da terra, numerosas são as celebrações da Santa Missa onde se poderia dizer a seu propósito as seguintes palavras, invertendo as palavras do Salmo 113, versículo 9: “A nós, Senhor, e ao nosso nome seja dada a glória” e, ademais, a propósito de tais celebrações são aplicáveis as palavras de Jesus: “Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?” (João 5, 44).

O Concílio Vaticano II emitiu, relativo a uma reforma litúrgica, os seguintes princípios:

1. O humano, o temporal, a atividade devem, durante a celebração litúrgica, orientar-se ao divino, ao eterno, à contemplação, e ter um papel subordinado em relação a eles (cf. Sacrosanctum Concilium, 2).

2. Durante a celebração litúrgica, dever-se-á incentivar a tomada de consciência de que a liturgia terrestre participa da liturgia celestial (cf. Sacrosanctum Concilium, 8).

3. Não deve haver absolutamente nenhuma inovação, portanto, nenhuma criação nova de ritos litúrgicos, sobretudo no rito da missa, salvo se por um benefício verdadeiro e certo em prol da Igreja, e sob condição de que se proceda com prudência e que, eventualmente, as formas novas substituam as formas existentes de maneira orgânica (cf. Sacrosanctum Concilium, 23).

4. Os ritos da missa devem ser de tal modo que o sagrado seja expresso mais explicitamente (cf. Sacrosanctum Concilium, 21).

5. O latim deve ser conservado na liturgia e sobretudo na Santa Missa (cf. Sacrosanctum Concilium, 36 e 54).

6. O canto gregoriano tem o primeiro lugar na liturgia (cf. Sacrosanctum Concilium, 116).

Os padres conciliares viam as suas propostas de reforma como a continuação da reforma de São Pio X (cf. Sacrosanctum Concilium, 112 e 117) e do Servo de Deus Pio XII, e, com efeito, na constituição litúrgica, é a encíclica Mediator Dei, do Papa Po XII, a que eles mais citaram.

O Papa Pio XII deixou à Igreja, entre outros, um princípio importante da doutrina sobre a Sagrada Liturgia, a saber, a condenação do que se chama o arqueologismo litúrgico, cujas propostas coincidiam largamente com as do sínodo jansenista e protestantizante de Pistóia, de 1786 (cf. “Mediator Dei”, n° 63-64), e que, com efeito, evoca os pensamentos teológicos de Martinho Lutero.

É por isso que já o Concílio de Trento condenou as idéias litúrgicas protestantes, em particular a acentuação exagerada da noção de banquete na celebração eucaristica, em detrimento do carácter sacrifical, a supressão de sinais unívocos da sacralidade como expressão do mistério da liturgia (cf. Concílio de Trento, sessio XXII).

As declarações litúrgicas doutrinais do magistério, como, neste caso, as do Concílio de Trento e da encíclica Mediator Dei, que se refletem numa praxis litúrgica secular, ou mesmo milenar, constante e universal, portanto, fazem parte desse elemento da santa tradição que não se pode abandonar sem incorrer em grandes prejuízos no nível espiritual. Estas declarações doutrinais sobre a liturgia são retomadas pelo Vaticano II, como se pode constatar lendo os princípios gerais do culto divino na constituição litúrgica Sacrosanctum Concilium.

Como erro concreto no pensamento e no agir do arqueologismo litúrgico, o Papa Pio XII cita a proposta apresentada de dar ao altar a forma de mesa (cf. Mediator Dei n° 62). Se já o Papa Pio XII recusou o altar na forma de mesa, imagine como a fortiori teria recusado a proposta de uma celebração ao redor de uma mesa “versus populum”!

Se a Sacrosanctum Concilium ensina no n° 2 que, na liturgia, a contemplação deve ter a prioridade e que toda celebração da missa deve ser orientada para os mistérios celestiais (cf. idem n° 2 e n° 8), encontramos aí um eco fiel da seguinte declaração do Concílio de Trento, que dizia: “Já que a natureza humana é tal, que não pode, facilmente e sem socorros exteriores, elevar-se a meditar as coisas divinas, por isso a Igreja, piedosa Mãe que é, instituiu certos ritos para se recitarem na missa, uns em voz submissa, outros em voz alta. Juntou a isto cerimônias, como bênçãos místicas, luzes, vestimentas e outras coisas congêneres da Tradição apostólica, com que se fizesse perceptível a majestade de tão grande sacrifício, e para que o entendimento dos fiéis se excitasse, por meio destes sinais visíveis da religião e da piedade, à contemplação das coisas altíssimas que se ocultam neste sacrifício.” (sessio XXII, cap. 5 — fonte da tradução aqui)

Os ensinamentos citados do magistério da Igreja e, sobretudo, os de Mediator Dei, eram indubitavelmente reconhecidos pelos Padres Conciliares como plenamente válidos; conseqüentemente, devem continuar hoje ainda a ser plenamente válidos para todos os filhos da Igreja.

Em sua carta dirigida a todos os bispos da Igreja Católica que Bento XVI acrescentou ao Motu Proprio Summorum Pontificum, de 7 de julho de 2007, o Papa faz esta declaração importante: “Na história da liturgia, há crescimento e progresso, mas não ruptura. O que foi sagrado para as gerações passadas deve permanecer sagrado e grande para nós”. Dizendo isso, o Papa exprime o princípio fundamental da liturgia que o Concílio de Trento, o Papa Pio XII e Concílio Vaticano II ensinaram.

Quando se olha, sem idéias preconcebidas e de forma objetiva, a prática litúrgica da esmagadora maioria das igrejas em todo o mundo católico onde a forma ordinária do rito romano está em uso, ninguém pode negar, com toda franqueza, que os seis princípios litúrgicos mencionados do Concílio Vaticano II não são, ou são muito pouco, respeitados,  embora se declare erroneamente que esta prática da liturgia foi desejada pelo Vaticano II. Há um certo número de aspectos concretos na prática litúrgica dominante atual, no rito ordinário, que representam uma verdadeira ruptura com a prática litúrgica constante de há mais de um milênio. Trata-se dos cinco usos litúrgicos seguintes, que se pode designar como sendo as cinco chagas do corpo místico litúrgico de Cristo. Trata-se de feridas, porque representam uma violenta ruptura com o passado, porque enfatizam menos o carácter sacrifical que é, todavia, absolutamente, o carácter central e essencial da missa, e enfatizam o banquete; tudo isso diminui os sinais externos de adoração divina, pois colocam menos em relevo o carácter do mistério naquilo que ele tem de celestial e eterno.

No que diz respeito a estas cinco chegas, com exceção de uma delas  (as novas orações do ofertório), as outras não são previstas na forma ordinária do rito da missa, mas foram introduzidas pela prática de um modo deplorável.

A primeira chaga, e a mais evidente, é a celebração do sacrifício da missa em que padre celebra voltado para os fiéis, especialmente durante a oração eucarística e a consagração, o momento mais elevado e sagrado da adoração devida a Deus. Esta forma externa corresponde, por natureza, mais à forma com que nos comportamos quando compartilhamos uma refeição. Estamos na presença de um círculo fechado. E esta forma absolutamente não está em conformidade com o momento da oração e, ainda menos, com o da adoração. Ora, esta forma não foi desejada de modo algum pelo Concílio Vaticano II e nunca foi recomendada pelo magistério dos Papas pós-conciliares.  O Papa Bento XVI escreve em seu prefácio ao primeiro volume de suas obras completas: “A idéia de que o padre e a assembléia devam se olhar durante a oração nasceu entre os modernos e é totalmente alheia à cristandade tradicional. O padre e a assembléia não se dirigem mutuamente uma oração, mas ao Senhor. É por isso que na oração eles olham para a mesma direção: quer para o leste, como  símbolo cósmico do retorno do Senhor, ou então, onde isso não é possível, para uma imagem de Cristo situada na abside, para uma cruz ou simplesmente juntos para o alto”.

A forma de celebração em que todos dirigem seu olhar à mesma direcção (conversi ad orientem, ad Crucem, ad Dominum) é mesmo evocada nas rubricas do novo rio da missa (cf. Ordo Missae, n. 25, n. 133 e n. 134). A celebração que se chama “versus populum” não corresponde certamente à ideia da Santa Liturgia tal como é mencionada nas declarações de Sacrosanctum Concilium n°2 e n° 8.

A segunda chaga é a comunhão na mão difundida praticamente por toda a parte do mundo. Não somente este modo de receber a comunhão não foi evocado de modo algum pelos Padres Conciliares do Vaticano II, mas foi, de fato, introduzido por um certo número de  bispos em desobediência à Santa Sé e em desprezo ao voto negativo, em 1968, da maioria do corpo episcopal. Só posteriormente o Papa Paulo VI a legitimou, sob condições especiais e à contragosto.

O Papa Bento XVI, desde a festa de Corpus Christi de 2008, só distribui a comunhão aos fiéis de joelhos e sobre a língua, e isso não somente em Roma, mas também em todas as igrejas locais que visita. Com isso, ele dá à Igreja toda um exemplo claro do magistério prático em matéria litúrgica. Se a maioria qualificada do corpo episcopal, três anos após o concílio,  recusou a comunhão na mão como algo nocivo, quanto mais os Padres conciliares o teriam feito igualmente!

A terceira chaga são as novas orações do ofertório. São uma criação inteiramente nova e nunca estiveram em uso na Igreja. Elas exprimem menos a evocação do mistério do Sacrifício da Cruz do que a de um banquete, recordando as orações da ceia sabática judaica. Na tradição mais que milenar da Igreja de Ocidente e do Oriente, as orações do ofertório sempre foram centradas expressamente no mistério do Sacrifício da Cruz (cf. p. exemplo Paul Tirot, Histoire des prières d’offertoire dans la liturgie romaine du VIIème au XVIème siècle, Roma 1985). Tal criação absolutamente nova está, sem dúvida alguma, em contradição com a formulação clara do Vaticano II, que recorda: “Innovationes ne fiant … novae formae ex formis iam exstantibus organice crescant ” (Sacrosanctum Concilium, 23).

A quarta chaga é o desaparecimento total do latim na imensa maioria das celebrações eucarísticas na forma ordinária, na totalidade dos países católicos. Eis aí uma infração direta às decisões do Vaticano II.

A quinta chaga é o exercício dos serviços litúrgicos de leitor e de acólito por mulheres, bem como o exercício destes mesmos serviços em trajes civis, adentrando o coro durante a Santa Missa diretamente do espaço reservado ao fiéis. Este costume nunca existiu na Igreja, ou pelo menos nunca foi bem-vindo. Ele confere à celebração da missa católica o caráter exterior de algo de informal, ou melhor, o caráter e o estilo de uma assembléia profana. O segundo Concílio de Nicéia já proibia tais práticas em 787, editando este cânon: “Se alguém não é ordenado, não lhe é autorizado fazer a leitura no ambão durante a santa liturgia” (can. 14). Esta norma constantemente foi respeitada na Igreja. Somente os subdiáconos ou os leitores tinham o direito de fazer a leitura durante a liturgia da Missa. Em caso de substituição dos leitores e acólitos ausentes, os homens ou rapazes em hábitos litúrgicos podem fazê-lo, mas não mulheres, já que o sexo masculino, no plano da ordenação não sacramental dos leitores e acólitos, representa simbolicamente o último laço com as ordens menores.

Nos textos do Vaticano II não é feita nenhuma menção à supressão das ordens menores e do subdiaconato, nem a introdução de novos ministérios. Na Sacrosanctum Concilium n° 28, o concílio faz a distinção entre “minister” e “fidelis” durante a celebração litúrgica, e determina que ambos têm o direito de não fazer senão o que lhes corresponde em razão da natureza da liturgia. O n° 29 menciona os “ministrantes”, ou seja, os servos do altar que não receberam nenhuma ordenação. Em oposição a eles, haveria, de acordo com os termos jurídicos da época, os “ministri”, ou seja, os que receberam uma ordem, seja maior ou menor.

Pelo Motu Proprio Summorum Pontificum, o Papa Bento XVI determina que as duas formas do rito romano devem ser vistas e tratadas com o mesmo respeito, pois a Igreja permanece a mesma antes e depois do concílio. Na carta de acompanhamento ao Motu Proprio, o Papa deseja que as duas formas se enriqueçam mutuamente. Além disso, deseja que na nova forma se manifeste “de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo.”

As quatro chagas litúrgicas ou usos infelizes (celebração versus populum, comunhão na mão, abandono total do latim e do canto gregoriano e a intervenção das mulheres no serviço da leitura e do acolitato) não têm, em si, nada que ver com a forma ordinária da missa e estão, ademais, em contradição com os princípios litúrgicos do Vaticano II. Se fosse colocado um termo a estes usos, retornaríamos ao verdadeiro ensinamento litúrgico do Vaticano II. E neste momento, as duas formas do rito romano se aproximariam enormemente, de modo que, ao menos exteriormente, não se teria como constatar uma ruptura entre elas e, consequentemente, como constatar uma ruptura entre a Igreja de antes do concílio e aquela de depois.

No que diz respeito às novas orações do ofertório, seria desejável que a Santa Sé as substituísse pelas orações correspondentes da forma extraordinária ou, pelo menos, que permitisse a sua utilização ad libitum. Assim, não apenas exteriormente, mas interiormente, a ruptura entre as duas formas seria evitada. A ruptura na liturgia, é exatamente ela o que a maioria dos Padres conciliares não quiseram; testemunham-no as atas do concílio, pois nos dois mil anos de história da liturgia na Santa Igreja nunca houve ruptura litúrgica e, por conseguinte, não deve jamais haver. Pelo contrário, dever haver uma continuidade como convém que seja ao magistério.
As cinco feridas do corpo litúrgico da Igreja evocadas aqui reclamam uma cura. Elas representam uma ruptura comparável àquela do exílio de Avignon. A situação de uma ruptura tão nítida numa expressão da vida da Igreja está longe de ser sem importância — outrora a ausência dos Papas na cidade de Roma, hoje a ruptura visível entre a liturgia de antes e de depois do concílio. Esta situação, portanto, pede por uma cura.

É por isso que há, hoje, a necessidade de novos santos, de uma ou várias Santa Catarina de Sena. Há necessidade  da “vox populi fidelis” que reclama a supressão desta ruptura litúrgica. Mas o trágico da história é que hoje, como outrora no tempo do exílio de Avignon, uma grande maioria do clero, sobretudo do alto clero, se satisfaz com este exílio, com esta ruptura.

Antes que se possa esperar os frutos eficazes e duradouros da nova evangelização, é necessário primeiramente que se estabeleça no interior da Igreja um processo de conversão. Como se pode convidar os outros a se converter enquanto, entre os que convidam, não ocorreu ainda nenhuma conversão convincente em direção a Deus, já que, na liturgia, eles não estão voltados suficientemente para Deus, tanto interior como exteriormente. Celebra-se o sacrifício da missa, o sacrifício da adoração de Cristo, o maior mistério da fé, o ato de adoração mais sublime num círculo fechado, olhando-se uns aos outros.
Falta a “conversio ad Dominum” necessária, mesmo exteriormente, fisicamente. Dado que durante a liturgia, trata-se Cristo como se ele não fosse Deus e não se manifesta isso com sinais externos claros de uma adoração devida ao Deus único, no fato dos fiéis receberem a Santa Comunhão de pé e, ademais, tomando-A em suas mãos como um alimento comum, ao pegá-la com os dedos e ao colocar eles mesmos na boca. Há aqui o perigo de uma espécie de arianismo ou de um semi-arianismo eucarístico.

Uma das condições necessárias a uma frutuosa nova evangelização seria o seguinte testemunho de toda a Igreja no âmbito do culto litúrgico público, observando ao menos estes dois aspectos do culto divino, a saber:

1) Que por toda a terra a Santa Missa seja celebrada, mesmo na forma ordinária, na “conversio ad Dominum”, interior e também, necessariamente, exteriormente.

2) Que os fiéis dobrem os joelhos diante de Cristo no momento da Sagrada Comunhão, como pede São Paulo, evocando o nome e a pessoa de Cristo (cf. Fl. 2,10), e que O recebam com o maior amor e o maior respeito possível, como Lhe corresponde enquanto Deus verdadeiro.

Graças a Deus, o Papa Bento XVI iniciou, por duas medidas concretas, o processo de regresso do exílio litúrgico de Avignon, isto é, pelo Motu Proprio Summorum Pontificum e pela reintrodução do rito da comunhão tradicional.
São ainda necessárias muitas orações e, talvez, uma nova Santa Catarina de Sena, a fim de que prossigam os outros passos, de forma a curar as cinco chagas no corpo litúrgico e místico da Igreja e que Deus seja venerado na liturgia com aquele amor, aquele respeito, aquele sentido do sublime que sempre foram a realidade da Igreja e de seu ensinamento, especialmente através do Concílio de Trento, do Papa Pio XII em sua encíclica Mediator Dei, do Concílio Vaticano II em sua constituição Sacrosanctum Concilium e do Papa Bento XVI em sua teologia da liturgia, de seu magistério litúrgico prático e do Motu proprio supracitado.

Ninguém pode evangelizar se antes não adorar, ou mesmo se não adorar permanentemente e não der a Deus, o Cristo Eucarístico, a verdadeira prioridade na maneira de celebrar e em toda a sua vida. Com efeito, para retomar as palavras do Cardeal Joseph Ratzinger: “Na maneira de se tratar a liturgia é que se decide a sorte da Fé e da Igreja”.


Dom Athanasius Schneider, Réunicatho, 15 de laneiro de 2012.

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012





 "O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos."






MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 201
2

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras» (
Heb 10, 24)


Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da » (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7).  Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011


BENEDICTUS PP. XVI